Personagens criativos: Em ascensão - Connary Fagen.

Recentemente, falámos sobre a forma como Fagan coloca essas qualidades orgânicas no seu trabalho, o que significa ser um naturalista e o que o entusiasma trabalhar a seguir. Falámos por Zoom.

Para além da natureza, que outras experiências da sua vida influenciaram os seus desenhos?

O meu pai trouxe um Mac para nossa casa quando eu era pequeno e aprendi a fazer arte nele. Há um estilo específico de dithering muito comum a essas máquinas antigas que tem um encanto. Parece que está a fazer escala de cinzentos, mas na verdade é um bit, a preto e branco, com ou sem cor. Acho que é fixe. Também apoia esta noção abstrata de natureza que estou a tentar evocar, em que estou a reduzir as coisas a um conjunto de parâmetros mais simples.

Penso que a natureza já é perfeita tal como existe. Não foi feita por pessoas - por isso está certa, correta. É o estado padrão do mundo, e parece-me saudável. É isso que eu pretendo".

Simplicidade: uma resposta cliché. Mas a simplicidade verdadeira e eficaz pode ser difícil de conseguir, quer seja no design da interface do utilizador ou no trabalho artístico ou apenas no design gráfico geral. Por isso, para além de uma estética minimalista, gosto do processo de eliminar o que não é útil.

Muito do design industrial fala-me dessa forma, assim como a caligrafia japonesa e o design de interiores. Quando algo é utilitário, mas feito de forma intencional e muito bonita, acho isso muito atrativo. Por isso, quando trabalho com preto e branco, estou a reduzir o que posso, ao mesmo tempo que retiro pormenores e texturas desnecessários.

Quem é que imagina a utilizar as suas fontes?

Em primeiro lugar e acima de tudo? Eu! Antes de começar a fazer design de tipos de letra, trabalhei em design gráfico de serviço geral ao cliente. Por isso, estava sempre à procura de tipos de letra para utilizar. Eventualmente, quando entrei no design de tipos, quis criar tipos de letra que pudesse utilizar no meu próprio trabalho. Mas não de uma forma estranha e egoísta. Se eu pudesse usá-las, então acho que outros designers também iriam querer.

O que é que mais gostaria de partilhar com os clientes?

Que mantenho as minhas fontes para sempre. Volto sempre atrás e actualizo: adiciono funcionalidades, corrijo bugs, actualizo curvas que não parecem bem. Isso acontece cada vez menos, porque estou a ficar melhor no que faço. [Uma fonte mais recente como]não precisa de uma versão 3.0, mas talvez uma fonte mais antiga precise. Por isso, quando compra um dos meus tipos de letra, vai receber algo que é ativamente mantido e apoiado. Eu não ponho as coisas cá fora e depois abandono-as

Há algum tipo de letra que tenha desenhado recentemente com um utilizador específico em mente?

. É um tipo de letra inspirado e orientado para um visual automóvel clássico dos anos 60. Não é agressivo, não é duro. É largo, redondo e suave, e imagino-o como um carro de turismo de algum tipo. Este tipo de letra em particular está a ser utilizado pela Harley-Davidson na sua bicicleta eléctrica Serial 1. Estou muito contente, porque é esse o tipo de utilizador que imaginei.

Estou a trabalhar com a caligrafia e a forma como esta altera o aspeto de uma letra, ao contrário, por exemplo, de uma sans serif, que tem uma forma muito geométrica e pura. Estou a experimentar como isso pode aparecer nos tipos de letra, de uma forma que é menos esperada.

Se pudesses levar qualquer tipo de letra alguma vez criado para tomar uma bebida, que tipo de letra escolherias e porquê?

A Futura de Paul Renner, da década de 1920. Já existe há tanto tempo; já viu tanta coisa. Foram escritos vários livros sobre ele. Por isso, tem boas histórias para contar - sem dúvida!

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